Envelhecimento: processo da vida no qual a vitalidade do corpo entra em declínio. A agilidade, a força e a vitalidade físicas podem estar consideravelmente reduzidas. Em muitos casos, um estado de dependência se torna crescente. Afinal, dirigir um carro passa a ser mais desafiador, carregar sacolas pesadas ou mesmo experiências primárias como ouvir e enxergar. Recentemente, estive por cerca de 1 hora conversando com a minha avó, que está vivendo esse declínio da saúde física de forma bastante intensa. Diagnosticada com Parkinson, já não consegue fazer muitas das coisas que deseja.
Com frequência, busco ter em mente a natureza como referência e amiga. Assim, percebo o envelhecer como um caminho natural, que faz parte do processo da vida. A morte precisa chegar e ela muitas vezes virá assim, por meio da redução progressiva da vida do corpo. Enquanto somos jovens, é possível passar bastante tempo sem lembrar que a morte virá. Já na idade adulta ou mesmo na velhice, fica cada vez mais frequente a notícia sobre o falecimento de um ente ou amigo, dificultando com que o tema seja ignorado por muito tempo. Refletindo, me senti inspirada e escrevi os seguintes versos:
Que virtudes da alma são convocadas ao envelhecer e depender,
Depois de toda uma vida dedicada a autonomia engrandecer?
Em que altura é preciso o seu medo da morte gritar
para que possa ser acolhido e permitido escutar?
Nessa fase da vida quando está em seu ápice de sabedoria,
Inspire-se a caminhar o final da trilha com alegria...
Acolha e receba o que esse momento tem pra te dar
Certamente há tesouros pra alma, é preciso enxergar.
Acredito ser fundamental abrirmos espaço (interno e externo) para falar do medo da morte, do sentido da vida, assim como do medo da vida e do sentido da morte. Desejo que os idosos, em especial, possam ser mais acolhidos e até auxiliados a conseguir falar desse tema. Para além da necessidade de "ocupar o tempo e se distrair", que é uma das preocupações mais comuns hoje em dia, enxergo a necessidade de poder mergulhar dentro de si. Para esse mergulho, pode ser de grande valia uma mão para segurar e um peito para abraçar. Que possamos ser cada vez mais ser mão e peito disponíveis às pessoas ao nosso redor. Que possamos acolher o nosso não saber, a falta de certeza, o medo e a dor.